terça-feira, novembro 19, 2013

Fazendo amor em poesia

                                                        
A partir de A. Breton


Numa guerra onde cada segundo conta
o Tempo cai no chão
como a sombra de uma árvore
debaixo da qual nós dormimos
num barco de madeira feito da árvore
por um carpinteiro desconhecido
além do mar
onde flutuam caroços de pêssegos
disparados por um artilheiro a cabo de munições
com um canhão do qual a boca arranca
buracos em forma de coração
ao horizonte da nossa carne
moída de sol
muda de estupefacção
entre o acto do sexo
e o acto da poesia
planeando no ar que escurece
no momento do amor e do júbilo
não há clarividência
sob a miséria do mundo.

- Lawrence Ferlinghetti
(tradução de André Shan Lima e Isabelle Lima)
retirado daqui

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