sexta-feira, setembro 20, 2013


Na quietude da noite irrequieto
Arrasto um pensamento como um móvel.
Comovo-me por dentro mas imóvel
Tropeço na saliência de um afecto.
Hécate, à encruzilhada eis-me chegado:
A noite um touro todo é, seus gumes
Esconde e nada distingo, só queixumes,
Teus mochos de recados. Dou meu lado:
Vem colher-me co'a prata do teu corno!
Eu oro aflita como a mãe do mundo
Dobrada sobre a máquina cursiva
Bordando ao sudário o último adorno...
      Qual bainha p'ra uma espada a fundo
      Me dou. Aranha, vem! Ó morta-viva!

- Daniel Jonas
in Sonótono, Cotovia

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