Porque tens nome tu,
dia, quarta-feira?
Porque tens nome tu,
tempo, outono?
Alegria, pena, sempre
porque tens nome: amor?
Se tu não tivesses nome,
eu não saberia o que era,
nem como, nem quando. Nada.
O mar sabe como se chama,
o que é o mar? Os ventos sabem
os seus apelidos, do Sul
e do Norte, por cima
do puro sopro que são?
Se tu não tivesses nome,
tudo seria primeiro,
inicial, tudo inventado
por mim,
intacto até ao beijo meu.
Gosto, amor: delícia lenta
de gostar, de amar, sem nome.
Nome, que punhal cravado
no meio de um peito cândido
que seria nosso sempre
se não fosse pelo seu nome!
- Pedro Salinas
in La voz a ti debida
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