Sim, por detrás das multidões
busco-te.
Não em teu nome, se o dizem,
não em tua imagem, se a pintam.
Atrás, por detrás, mais além.
Por detrás de ti busco-te.
Não em teu espelho, não em tua letra,
nem na tua alma.
Atrás, mais além.
Também atrás, mais além
de mim te busco. Não és
o que sinto por ti.
Não és
o que está a pulsar
com o meu sangue nas veias,
sem ser eu.
Atrás, mais além busco-te.
Por te encontrar, deixar
de viver em ti, e em mim,
e nos outros.
Viver já atrás de tudo,
do outro lado de tudo
– por te encontrar –,
como se fosse morrer.
- Pedro Salinas
in La voz a ti debida
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