Na suave penumbra, resplandece
teu corpo apenas, quase arrogante
e quase arrependido dos seus dons.
A tua nudez é como um pouco de água
que repousa no leito da escuridão,
gravidade transparente, quase ausência.
Vagos volumes embebem-se, flutuam
no fundo contínuo do espaço;
o silêncio respira, o ar pulsa
e é nua a carne num pensamento,
matéria ardente de expressão, resposta.
Oh nudez, beleza desarmada,
submissão ao espaço, solidão
que transparece a beleza eterna
como seixos brancos
no fundo da água.
- Tomás Segovia
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