quinta-feira, março 14, 2013

Lamento

 
Dirijo-me a vós sacerdotes
professores juízes artistas
sapateiros médicos empresários
e a ti meu pai
Oiçam-me.

Não sou jovem
que não vos engane
a beleza do meu corpo
nem a brancura terna do meu pescoço
nem a claridade do meu rosto largo
nem o pulmão sobre o doce lábio
nem o sorriso de querubim
nem a minha passada elástica

Não sou jovem
que não vos comova
a minha inocência
nem a minha pureza
nem a minha debilidade
fragilidade e simplicidade

tenho vinte anos
sou um assassino
uma ferramenta cega
como a espada
empunhada pelo verdugo
 
- Tadeusz Różewicz

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