quinta-feira, março 14, 2013

A mãe dos enforcados


Roça a sua pele áspera na multidão.

Aqui
caminhando pelas ruas
a mãe dos enforcados
negra
leva uma cabeça de prata
entre as mãos
oh e que pesada mole
cheia de noite
explodindo de luz

confusa anda às voltas
e canta e canta
tem as solas dos sapatos furada
o seio estéril
o peito seco
sereia enlouquecida uiva
à lua inchada sobre a cidade

com pés de chumbo arrasta-se
pelo asfalto da cidade
a mãe dos enforcados
com a lua ao pescoço
afunda-se
roça a sua casca áspera na multidão.

- Tadeusz Różewicz

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