Roça a sua pele áspera na multidão.
Aqui
caminhando pelas ruas
a mãe dos enforcados
negra
leva uma cabeça de prata
entre as mãos
oh e que pesada mole
cheia de noite
explodindo de luz
confusa anda às voltas
e canta e canta
o seio estéril
o peito seco
sereia enlouquecida uiva
à lua inchada sobre a cidade
com pés de chumbo arrasta-se
pelo asfalto da cidade
a mãe dos enforcados
com a lua ao pescoço
afunda-se
roça a sua casca áspera na multidão.
- Tadeusz Różewicz
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