O poeta deveria andar sempre 100 anos atrás do mundo e trazê-lo puxado por um órgão de cordas, avança aqui, ali não, sou o teu metrónomo e o teu cronómetro, tu o meu batedor na caça aos Céus, meu perdigueiro de lebre na boca, em troca do lirismo de um afago ou mesmo, e basta, de um afago lírico. Ou: o poeta como quadrigário e o mundo, as bestas, que – quatro, como os elementos, fortes e ignaros – lhe abrilhantam os louros corolários, única heráldica da Deidade terrena.Sucede que, entre democracias e outras concessões ao suposto significado da humanidade, tudo se passa ao invés disto: vamos à frente e não porque queiramos; alimentamos, com a própria carne, toda a animália, que nem isso entende; somos a água, o fogo, a terra, o ar, suas soma e dinâmica, maiores do que as parcelas; vivemos apoucados pela minusculidade do Tempo.Não admira, pois, que, de desencanto em calo, nos remetamos à escatologia, mimética e cínica cromagem do infausto.- Miguel Martins
segunda-feira, fevereiro 25, 2013
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poesia de fora
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