I
Não galgo, olho azul,
fidalgo.
Mas um simples cachorro.
Já seco.
Não cão
de uma constelação
Mas um simples cachorro
de beco.
Não um cão do rei
Artur.
Mas um simples cachorro,
tout court.
Já reduzido a um osso,
de magro,
Osso comendo um osso:
O osso que ele é,
por fome;
e o osso que ele come.
II
O fim
do mundo está assim:
à míngua
e já em outra língua.
Um cão que se fez cachorro.
Roendo um alvo osso
no beco.
(O seu derradeiro
almoço.)
De quem será esse osso?
- Cassiano Ricardo
in Melhores Poemas, Global
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