No cimo da noite
o leve luar. Como eu
o via. Como eu te via.
O pau que escreve
na areia não sabe
para onde nos leva
a linha do mar.
No cimo da noite
o lençol do dia.
Mágicos dedos
não param de inventar
sobre a pele
as figuras. A penumbra
no teu rosto continua
pelas riscas da janela,
leva-nos ao horizonte
onde falar não faz
sentido. Como eu
te via e ainda era eu,
ou por mim acontecidas
todas as coisas.
Dizer do leve luar
é sempre pouco, cobres
os joelhos, fechas-me
os lábios. O lençol
do dia atravessa
o rosto, imaginamos
que o mundo é quieto
e sem ruído.
- Helder Moura Pereira
in De novo as sombras e as calmas, Contexto
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