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Sobra-nos o poço e uma sombra de resedassob o véu de névoa baixa, nó de lume
diluído num espelho: onde trocam as goteiras
o seu soro imperceptível e a saliva
Salta, entre os dentes, a talha desta chuva
ameaçada, a poeira de levante nos buracos
Alguém aclare as águas mortas sob as pálpebras
e aceda, enquanto a luz não sobe,
ao brilho do meu sangue no teu copo,
à erva acesa
«Não me pertencem» as gemas da resina
que ateaste, as goteiras são incertas e demoram:
na maré estancada,
sonhas o que voga à tua volta enquanto dormes
- Luis Manuel Gaspar
«Aguaçais» (1991-92)
in Pandora, Averno
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