sexta-feira, abril 13, 2012

Saudação segunda

Fostes louvados, meus livros,
___porque eu acabara de chegar do interior;
Eu estava atrasado vinte anos
___e por isso encontrastes um público preparado.
Não vos renego,
___não renegueis vossa progênie.

Aqui estão eles sem rebuscados artifícios,
Aqui estão eles sem nada de arcaico.
Observai a irritação geral:

«Então é isto», dizem eles, «o contra-senso
___que esperamos dos poetas?»
«Onde está o Pitoresco?»
___«Onde a vertigem da emoção?»
«Não! O primeiro livro dele era melhor.»
___«Pobre Coitado! perdeu suas ilusões.»

Ide, pequenas canções nuas e impudentes,
Ide com um pé ligeiro!
(Ou com dois pés ligeiros, se quiserdes!)
Ide e dançai despudoradamente!
Ide com travessuras impertinentes!

Cumprimentai os graves, os indigestos,
Saudai-os pondo a língua para fora.
Aqui estão vossos guisos, vossos confetti.
Ide! rejuvenescei as coisas!
Rejuvenescei até The Spectator.
___Ide com vaias e assobios!
Dançai a dança do phallus
___contai anedotas de Cybele!
Falai da conduta indecorosa dos Deuses!

Levantai as saias das púdicas,
___falai de seus joelhos e tornozelos.
Mas sobretudo, ide às pessoas práticas —
Dizei-lhes que não trabalhais
___e que vivereis eternamente.

- Ezra Pound
(tradução de Augusto de Campos)

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