o vazio, sinto o cheiro da carne
de Deus, fome de Deus, sede abrasada
na trança de fogo de um abraço.
Agarro-me a ti, estendo-me no teu regaço
como um náufrago atroz que geme e nada,
engulo porções de mar e água rosada:
as ondas, seios, suaves solavancos.
Se te quebram os olhos e a vida
choras o sangue de Deus por uma ferida
que faz nascer, para o amor, a morte.
E é inútil sonhar que nos unimos.
É loucura acreditar que pude ver-te,
Deus, abrindo, entre a sombra, limos.
- Blas de Otero
in Ancia, Visor
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