A gravidade do coração
A água das fontes corre gravemente como a boca de um cão. A rosa intimida-me. Nunca ri. E a árvore dorme de pé. Não brinca. Ordena, por exemplo, à sua sombra: deita-te, descansa, partimos assim que anoitecer. Ao anoitecer, a sombra sobe-lhe para os ramos e partem.
Quem ama escreve nas paredes.
Se eu visse o meu coração, já não teria coragem para te sorrir. Ele trabalha demasiado nesta noite sem lua. Deitado sobre ti, espreito o seu galope, que me traz uma má notícia.
- Jean Cocteau
(tradução de Inês Dias)
in Poésies (1917-1920)
1 comentário:
Li ontem este mesmo poema no blogue "Arquivo de cabeceira"! E provocou-me outra reacção: sinal do que é mesmo bom, é surpreendente!
coincidência:)
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