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Embora inserida na ordem do universo, e sendo o princípio e o fim, a Noite não se rende à rotina da vida. Nesse território propício aos litígios e sortilégios, e que fala um idioma estrangeiro, o poeta se sente dividido e inumerável. Sonhando e vendo-se sonhar, ao mesmo tempo desperto e dormindo, ele vagueia na fronteira onde sono e vigília se aliam para saquear o espólio deixado pelo dia, que é a grande morada dos homens. Eu e outro, voz de si mesmo e dos que não têm voz, o poeta se interroga e se responde; e, visitante da Noite, é visitado ou algo ou alguém habituada a atravessar portas fechadas.
- Lêdo Ivo
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