BAQUE, de Fabio Weintraub

ELA
Franjinha sebosa se levanta
do banco onde está
e vem sentar-se ao meu lado
no ônibus vazio
Talvez seja secretária
Talvez preencha boletos ou monitore
as entregas dos motoboys
Talvez lave a franja
duas vezes por semana
coma pizza em dias alternados
tenha um gato e se masturbe
quando a novela termina
Tão logo toma assento
cerra os olhos, cabeceia
Tenho medo de que babe
perca o equilíbrio e desabe
sobre a minha pessoa
Dedos cruzados
em posição de prece
sua postura é bizarra
Ela é devota de algo ou de alguém
e seu sono conta pontos
no placar sombrio de algum país
aonde os versos não chegam
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