da noite escassa para o nosso amor.
Soneto vívido de versos castos,
no desgaste da boca um som de flor.
E, no engaste do teu sexo, uma rima
a completar o corpo comum de dois,
substantivo ou canção que nos ensina
a fabricar na pele ethéreos sóis.
Nas mãos, ainda, a ternura extensa,
certeira se dilui nos alvos rubros
e o riso se pratica a comer uvas.
O meu amor por ti marca presença:
dormimos virgens, e os teus ombros cubro-os,
temendo, dêste inverno, as ígneas chuvas.
- António Barahona
in Raspar o fundo da gaveta e enfunar uma gávea, Averno
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