domingo, novembro 06, 2011

Soneto vívido

O meu amor por ti assombra os astros
da noite escassa para o nosso amor.
Soneto vívido de versos castos,
no desgaste da boca um som de flor.

E, no engaste do teu sexo, uma rima
a completar o corpo comum de dois,
substantivo ou canção que nos ensina
a fabricar na pele ethéreos sóis.

Nas mãos, ainda, a ternura extensa,
certeira se dilui nos alvos rubros
e o riso se pratica a comer uvas.

O meu amor por ti marca presença:
dormimos virgens, e os teus ombros cubro-os,
temendo, dêste inverno, as ígneas chuvas.

- António Barahona
in Raspar o fundo da gaveta e enfunar uma gávea, Averno

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