sábado, novembro 05, 2011

Perdoa-me, mãe

Perdoa-me, mãe,
por te ter deixado ficar
viúva por toda a vida
velha, só.

Era matar ou morrer
e tu tiveste-me, seja como for:
O sangue congela ao toque de um amante
As entranhas dissolvem-se em merda.

Nunca fui jovem.
Agora estou velha, só.

Em sonhos
fustigo-te.

- Eunice de Souza
(tradução de Ana Luísa Amaral)
in Poemas Escolhidos, Cotovia

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