quarta-feira, outubro 19, 2011

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A canalha junta-se nos pátios
no lusco-fusco de alguns entardeceres.
Galinhas debicam, entre caliça e cimento,
nos torrões onde pode estar semente ou grão.
O bolor cresce, com a humidade, em caixotões
encostados, a esmo, pelos cantos. A canalha
canta nos lugares – nódoas de vinho
e sangue misturados. O ódio ressuma
das frinchas dos tabiques. Na lama
desses pátios surgem flores carnívoras,
alimentadas a grogue e lavadura.
Crioula é a voz, a desmaiar no violão
e o azul ultramarino invade a cantina.
A hora do lobo ainda junta essa canalha.

- Eduardo Guerra Carneiro
in Lixo, & etc.

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