quarta-feira, setembro 21, 2011

Pequena elegia

Paro diante de teu túmulo no cemitério de Penedo
e lembro os dias em que teu riso desviava a lua
e o sol cobria tua cabeça.
Vejo-te vestida de azul, na casa malassombrada,
quando esperavas multiplicar a infância.
Sei que amavas a solidão das canoas.

Agora, venho chorar a ausência de teu corpo dissoluto
jogando no silêncio humildes flôres de retórica,
e diante da terra em que te converteste
imagino que esta noite dançarás no alpendre
do sobrado em que vivemos.

- Lêdo Ivo
in Cântico, Orfeu

Sem comentários: