esboroada por muitos invernos e chuva
os pés bem assentes, o tronco nu; era
num mês quente de um verão de sessenta –
_há muitos anos, portanto. E
o cabelo mais escuro do que negro –
_nem um tigre negro nem um gato preto
nem o escuríssimo corvo. E
a pele que permanecia muito branca
como se nenhum sol a quisesse. É
escusado dizer que perdia no mar, na maior
distância de um barco
os sentidos. E da figueira que rompia
escassos ramos do elevado rochedo
queimados do sol
e da figueira fugiu uma sombra e era um pássaro.
Da porta do terraço vi-o
nesse instante longínquo
pela última vez.
(Sempre que vinha a minha casa
trazia um jornal velho e a minha avó
lia-o durante toda a semana.)
- João Miguel Fernandes Jorge
in Antologia Açoriana, Governo dos Açores
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