sábado, março 19, 2011

Noites estrangeiras

Há muito que amo os ínfimos pormenores da estranha janela de sacada.

O sol deparava-se com a minha companhia
Nos tristes anos de um jardim obedecendo ao rigor das estações.
Existira sempre uma alma desesperada
Procurando luz
E a fachada da casa enegrecida.

Crescera musgo
Nesse tempo de abrir a janela
E fechar o Verão
No rigor das sanefas e do vento de Outubro.

Era como se chovesse nos livros
Em que os jardins se despem como dois amantes.
Como se um grito invadisse a porta exterior do pátio
Reaparecendo em sonhos no quarto verde,
No quarto dos ferrolhos
Por causa dos pés de altura
Numa noite de larápios.

E,
No escuro apreensivo,
As mãos eram ternas
Macias
Como o vento pousado
Cansado de enormes pregos
E de relâmpagos
Nas noites estrangeiras.

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