domingo, março 20, 2011

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Em vão desenhas corações na janela:
o Duque do Silêncio
arregimenta soldados no pátio do castelo.
Iça na árvore o seu estandarte – folha que azula quando o outono entra;
distribui pelo exército as folhas de erva da melancolia e as flores do tempo;
com pássaros no cabelo parte a enterrar as espadas.
Em vão desenhas corações na janela: há um deus entre as legiões,
envolto no manto que um dia te caiu dos ombros sobre as escadas da noite,
um dia, quando em chamas o castelo se erguia, quando falavas como falam os homens: Amada...
Ele não conhece o manto e não invocou a estrela e segue aquela folha ondeando à sua frente.
«Oh, folha de erva», julga ele ouvir, «oh, flor do tempo»

- Paul Celan
(tradução de João Barrento e Yvette Centeno)
in Sete Rosas Mais Tarde, Cotovia

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