sábado, novembro 27, 2010

Quarto

Que quietas estão as coisas
e que bem se está com elas!
Por toda a parte, suas mãos
com as nossas mãos se encontram.

Quantas discretas carícias,
que respeito pela ideia;
como olham, extasiadas,
o sonho que sonha alguém!

Como gostam do que outrem
gosta; como se esperam,
e, à nossa volta, que doces
nos sorriem, entreabertas!

Coisas – amigas, irmãs,
mulheres –, alegre verdade,
que nos devolveis, zelosas,
as mais fugazes estrelas!

- Juan Ramón Jiménez
(tradução de José Bento)
in Antologia da poesia espanhola contemporânea, Assírio & Alvim

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