Para o Nuno Júdice
Em toda a parte
frente a frente eis-te com o tempo
e frente a frente
com o vento do tempo vagabundo
despertando
entre líquenes e musgos
o rio tremendo
das grandes praias vazas
ou o que pulsa
égua a égua dos pântanos
nas noites que se matam
De novo aos pés dos juncos
da tua cama paira o mundo
e o vento paira
no tempo como um obscuro
fruto de água alada
onde em si própria
a cada pássaro
a face da divindade se estilhaça
pois face a face
contigo morre porque tal
é todo o tempo como tu
mortal
e como nasces
- Miguel Serras Pereira
in O mar a bordo do último navio, Fenda
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