terça-feira, outubro 19, 2010

O amor, suponho

Tenho andado a pensar em escrever
um poema de amor
dedicado à minha mulher,
a verdade é que não sei
porquê mas fico
incrivelmente triste e os poemas
de amor não me têm saído
suficientemente bem – ou talvez eu nunca
me tenha esforçado de forma séria –;
suponho que o amor
deve ser
como esses raríssimos instantes
de felicidade:
se por um momento
os vives
eu diria
que não é conveniente
andar a perder tempo
com poemas.

- Roger Wolfe
(tradução de Luís Filipe Parrado)
in Criatura n.º5

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