Oh signos de ouro frágil que vertem sobre as trevas
Copistas miseráveis, calígrafos da névoa
Que nomeiam dos Outonos botânicas matérias
E cifram o meu voo em números e letras,
Eu nada tenho a ver com tais existências,
Por mais que me esconda debaixo dessas tétricas
Imagens do abandono e fotos bolorentas
Que mostram do meu corpo efígies já decrépitas
A história vai-se urdindo em rios sobre a terra
Que descem das cidades envolvidas em secreta
E lenta mansidão, por isso desvelam-me
Os símbolos que descem, à luz da decadência,
Mas nada me vincula a mim com essas velhas
Estéticas caducas, estúpidas misérias,
Que nunca olhei as luas, a luz das suas esferas
Querendo achar a essência histórica da era.
- Manuel Forcadela
(tradução de Luís Filipe Sarmento)
in Refutação da musa, Teorema
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