segunda-feira, outubro 25, 2010

Fábrica de arroz

Quando deixei a pequena e banal aldeia,
Larguei um morteiro que explodiu e quase matou uma égua.
Coisas destas, como um estrondo
Só se ouvem em tempo de chuva, na planície
Onde morri de amor e pneumonia
E a minha mãe chorava e torcia as mãos
Por mim e pela vida manchada de salgueiros
À quarta rua em frente.

Prometeu 15 escudos à minha cura
No rio lavado
De sável, ao qual respondi sem certezas

Quero a vida toda, sem retalhos.

Trinta anos depois,
Ainda quero o que sobra
Ao rio que foi pintando sabão.

1 comentário:

CCF disse...

:) O rio também quer...a vida toda.
~CC~