terça-feira, outubro 26, 2010

3

Fica dentro de mim, como se fosse
eterno o movimento do teu corpo,
e na carne rasgada ainda pudesse
a noite escura iluminar-te o rosto.
No teu suor é que adivinho o rasto
das palavras de amor que não disseste,
e no teu dorso nu escrevo o verso
em pura solidão acontecido.
Transformo-me nas coisas que tocaste,
crescem-me seios com que te alimente
o coração demente e mal fingido;
depois...serei a forma que deixaste
gravada a lume com sabor a cio
na carícia de um gesto fugidio.

- António Franco Alexandre
in Duende, Assírio & Alvim

Sem comentários: