quinta-feira, setembro 30, 2010

Todos vocês parecem felizes

… e sorriem, às vezes, quando falam.
E dizem, ainda,
palavras
de amor. Mas
amam-se
de dois em dois
para
odiar de mil
em mil. E guardam
toneladas de asco
por cada
milímetro de felicidade.
E parecem – nada
mais que parecem – felizes,
e falam
com a finalidade de ocultar essa amargura
inevitável, e quantas
vezes não o conseguem, como
não posso eu ocultá-la
por mais tempo: esta
desesperante, estéril, larga,
cega desolação por qualquer coisa
que – para onde não sei –, lenta, me arrasta.

- Ángel González
(tradução de Daniel Ferreira)

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