Quem sonha com e contra tudo
detém maravilhas e vertigens.
E no casulo do corpo
eis os marinheiros a dormir,
as aves do alto mar,
os viajantes mortos de cansaço.
Baques. Balanços. Passadiços.
Ali está uma criança a desenhar
um coração de vidro
num sol de água clara.
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É na axila que um pássaro se aninha
e toma carne e febre,
cantando o trabalho paciente
do sonho e da melancolia.
Pássaro num outro espaço,
para onde nos vão desejos e poemas...
Eu te saúdo, pássaro de branca neve e papoila viva,
ao pé do bebedouro e do espinheiro.
Pássaro: casa pequena de ossos
espalhados no alvoroço de ventos e marés...
- Jacques Izoard
(tradução colectiva - Poetas em Mateus)
in Jardins mínimos e outros poemas, Quetzal - 1994
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