Jardim das Amoreiras
para o José António Almeida
Staci mi vláha jedné kapky vody.
Não era bem isso o que dizia a oliveira, nem
– por razão maior – os que de cerveja em riste
se abrigavam debaixo das amoreiras, fechado o quiosque.
Talvez concordassem, entre risos altos, que
os poetas ou são putas ou executivos.
Ah, os poetas. São tantos – são afinal tão poucos –
que dificilmente caberiam, mesmo traduzidos
em haiku, no banco para dois onde nos sentámos.
Importante foi saber que o castelo de Valtice
não era nada rilkeano, mais propício a churrascos,
escuras vadiagens, maneiras boas de se estar sozinho.
Assim, de mocho para mocho, voltamos a entrar nessa noite.
- Manuel de Freitas
in A Nova Poesia Portuguesa, Poesia Incompleta
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