domingo, setembro 05, 2010

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Começo por citar
palavras dianteiras.
Depois as do paladar
nutrem poemas ou pequenos sóis.
No quarto, sozinho, vou escrevendo.
(Mil fantoches. Mil anões.)
Minha glicínia. Armadilha de flor
sob invisíveis pálpebras.
Língua de areia e de sabor.
Língua de vida que adormece.
Língua de surdo fragor
e carícia que fenece.



Coração ao coração se alia.
Corpo ao corpo se aduna
ao romper da manhã
de delgado gelo e amor-perfeito.
Assim se escoa a vida
pela vida.
E o corpo se esquece
o coração que bate.

- Jacques Izoard
(tradução colectiva - Poetas em Mateus)
in Jardins mínimos e outros poemas, Quetzal - 1994

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