sábado, julho 10, 2010

É nos pequenos detalhes
que descobrimos o desembarque
do homem que medita,
na passagem das sombras.

O camponês alimenta o bosque
e observa os espinhos e ramagens,
depois de ter trepado um pinheiro vertical
com uma copa onde se ouve o mar.

No lugar onde a manhã surge,
a caruma surpreende o trânsito de foices,
enxadas e ossos humanos ressequidos pelo sol.
É sempre um motivo inesperado,
este - sentir uma morte anunciada,
numa coluna que vai vergando até chegar ao chão.

Eu fui um soldado da primeira guerra e
cheguei a passear no metro de Paris.
E hoje sou dono da minha marcha e os mortos
servem de pretexto para parar,
olhar as amoras e sentar-me no cabo da enxada,
vendo o que foi a minha vida.

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