quinta-feira, junho 10, 2010

para a minha irmã


Ida Dalser.

Esta mulher deambula num manicómio.
Tem um filho - Benito, como o pai - a ser criado num pequeno orfanato.
Ida diz ser a legítima de Mussolini. Com ela
Nasce o fascismo
A ideia de que o riso pode ser castrado
E Deus posto à prova.
Escreve muitas cartas que não saem do seu quarto.
As freiras obedecem a ordens superiores - primeiro à Madre, depois a um Bispo, depois ao Papa - não tenho a certeza se é deste modo. Já tenho tropeçado nos degraus, por causa de um pequeno seixo que trago no sapato.

Ida Dalser
Desprezada por Mussolini
O objecto amado de músculos e raiva
De uma Itália socialista dos anos 20.

Por cá, um pouco mais tarde
As professoras primárias tornar-se-iam o símbolo de um regime menor (talvez menos ofensivo).
Meninos,
Nós só sabemos falar de rios e de linhas de caminho de ferro. É isso que importa quando passeamos e observamos os pobres na ceifa.

A professora primária cumprimenta Ida Dalser.
Nada liga estas duas mulheres. São de países diferentes
Com rios que estão cruzados em regimes
Hidrológicos ou políticos.

Mas a professora opta por um ditado:

Conheci Ida Dalser, numa tarde de chuva.
(Sim, meninos. Também chove na Toscânia, em planaltos livres de oliveiras).
Morreu à sombra das freiras
A devota de Mussolini.


Não chorem.
A lição não termina.
Pelo menos por aqui.

1 comentário:

Cristina Gomes da Silva disse...

Gosto muito :-)