sexta-feira, maio 21, 2010

Vésperas portuguesas

o dia corre de poente para nascente, a chuva
é um lençol tenso sobre os velhos que separam
as lembranças, com palavras que não chegam
a dizer: esquecem os subterfúgios do tempo
e avançam cambaleantes pelas grandes fissuras
entregues ao despovoamento alucinante

no interior dos carros, os crimes
são ligeiras confidências

- Rui Nunes
in Ofício de Vésperas, Relógio d'Água

1 comentário:

fernando machado silva disse...

embora também goste da sua poesia, prefiro bem mais os romances, onde há menos contenção.