É mais ou menos isto:
O encontro com o eco.
Crianças felizes
À beira do mundo
Numa esfera feita de encontros e mesas de café.
Papoilas em Dezembro
E as migrações absurdas das andorinhas que pousam cachos de uvas na sepultura de um amor perdido.
A vida, sempre a vida e sempre o seu avesso.
Um pano rasgado e a toalha que é limpa na varanda
Enquanto o teu olhar percorre os beirais, um traço de nuvens, o movimento das migalhas entregues ao vento e ao
que faz falta
Do pão que não existe.
Um traço a carvão do meu retrato.
A tua generosidade em criar ângulos onde a luz não incide
(O sol prefere as esquinas deste bairro e os barcos estrangeiros a inaugurarem novas Primaveras).
Cheguei ao lugar de hoje
Ouço uma música que me faz lembrar um amor chamado verdadeiro.
Sei que é verdadeiro porque as notas musicais estão de acordo com gestos perdidos, com o modo como a toalha é arrumada e liberta de migalhas, de outros corpos.
Eu sempre quis isso - ou é isso que vou querendo na vida, sem saber - uma simples toalha que possa ser limpa
E alguém que a suje.
2 comentários:
Muito, muito bonito.
Não resisti.
É bom ter alguém na vida que suje a toalha :)
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