segunda-feira, maio 24, 2010

Não.
Não é essa imagem.
Na verdade, és tu que estás junto a mim.
É-me indiferente a tua presença.
Percebo que queiras permanecer na minha vida.
Fazes parte da tela, do espelho do meu quarto, mas és pérfida.
Estás inutilmente agarrada a este traço.
Consigo destruir-te, um pouco mais, se melhorar esta técnica de paleta.
Repara como os outros olham de soslaio. Fazes parte de um mundo muito observado. Por um lado o espelho, por outro lado a minha imagem de ti, por outro lado a imagem que o espelho tem de nós - do teu ar ridículo e do meu ar de quem chegou a uma loja de tintas com o fim de recriar o seu próprio inferno.
Por outro lado - ainda - o olhar desta representação. Incluindo o leitor que nada ama. Esse estupor que apenas vai correndo dias -
Veios escorridos por onde podes chorar ou rir, mais tarde.
Eu irei morrer, antes de tudo.
Tu ficas com o mundo
Com uma imagem pouco feliz daquilo que faltou
À tela.

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