JUAN MANUEL BARRIENTOS GOSTAVA DOS BALCÕES
Como gostas tu de balcões, Barrientos, a disposição das garrafas de licor, os copos de vidro de todos os tamanhos, as taças, as canecas de cerveja, o espelho, que é a tua consciência quando bebes sozinho, ou melhor, contigo mesmo, e que é, também, o cagalhoteiro que te permite olhar para os fortuitos companheiros de balcão indirectamente e ainda manter uma conversa com eles sem necessidade de lhes veres a cara, quer dizer, sem te expores demasiado à sua intromissão. Quantas horas passaste em frente do espelho de um balcão, alternando o descanso dos pés no descanso de latão, vendo o teu próprio rosto, recusando-o às vezes, às vezes querendo-lhe com ternura. Quantas horas. Se as somasses seriam dias, semanas, meses, anos inteiros.
- Gonzalo Celorio
(tradução de Jorge Fallorca)
in E que ribombe nos seus centros a terra, Teorema
retirado daqui
domingo, maio 02, 2010
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