domingo, maio 02, 2010

Canto décimo terceiro

De criança sempre gostei de canas
e roubava-as do rio
ainda verdes.
Deixava-as depois estendidas ao sol durante todo o verão
e recolhia-as, ligeiras,
como o sussurro dos mosquitos.

Quando no Inverno
os ossos estalavam de frio
e os gatos tossiam sobre o damasqueiro
corria até ao sótão
e metia as mãos no meio das canas quentes
ainda com todo aquele sol em cima.

- Tonino Guerra
(tradução de Mário Rui de Oliveira)
in O Mel, Assírio & Alvim

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