domingo, abril 25, 2010

Não eras tu que acenavas
Quando parti.

Pareciam os teus gestos, mas não eram mãos que contracenassem com gaivotas.
Eu também observava um prédio a perder-se-me nos olhos
Com roupa estendida.
Primeiro a tua casa, o teu olhar de quem se despede
(até mais ver)
depois a rua, um bairro pobre
e, mais tarde, esta minha ideia de Lisboa. Esta ideia de ti num imaginário de roupa a secar ao sol, e barcos partidos em guerras silenciosas.
Porque são armas que usamos, sim.
São dois lados de um rio que vão ferindo.


Desculpa. Não te convidei para ir ao Chile.
Quero produzir Nitratos
E fazer fortuna.
Hei-de saber se enriqueço, depois do mundo visto
Depois de um bairro com a tua roupa
E a minha
E uma rua de brinquedos de madeira com rapazes.

Na verdade,
Quero saber o que significa uma rua com roupa a secar ao sol
E um olhar onde nascem guerras silenciosas.

Dói um rio.

Sim.

Muito.

1 comentário:

João Filipe Ruivo Félix disse...

Está muito bom. Tenho gostado muito de ler os seus poemas.

Abraço,

João Félix