Há um segredo nas grades do portão. É por ter grades que o portão é secreto. Às vezes, chego perto dele, tento empurrá-lo mas não consigo porque não tenho a chave que o abre. E quando alguém o abre eu não estou perto dele. Mas isso é só por acaso, pois eu estou muitas vezes perto do portão. Do outro lado vejo uma casa que não deve ser habitada, pois as portadas das janelas nunca estão abertas. Depois, vejo uma estrada que se estende até perder de vista, até ao momento onde de certeza existe outro portão. Mas esse portão eu não conheço. Não sei se existe e não sei se está fechado ou aberto. É por isso que não me conheço. E nesse portão deve existir alguém que o abre, que o fecha, que o empurra, mas que não consegue porque não tem a chave. E esse alguém eu não sei se existe. É por isso que não me conheço.
Há um mistério nas grades do portão. Cortam a casa e a paisagem. É por isso que não me conheço.
Empurro o portão com força.
Este abre com dificuldade. Vejo a casa sem grades e toda a paisagem.
Viro costas.
Vejo o mesmo que via, agora reflectido nas águas do lago.
Existirá um portão com grades? Não o vejo. É por isso que não me conheço.
Há um mistério nas grades do portão. Cortam a casa e a paisagem. É por isso que não me conheço.
Empurro o portão com força.
Este abre com dificuldade. Vejo a casa sem grades e toda a paisagem.
Viro costas.
Vejo o mesmo que via, agora reflectido nas águas do lago.
Existirá um portão com grades? Não o vejo. É por isso que não me conheço.
Anos 90
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