Comprei uma casa na lezíria grande.
Sei que não gostas de sítios planos, nem de louça em desalinho
Mas tenho uma água – furtada onde podes pintar
E o rio em frente.
O espaço do sótão é só teu. Tem lugar para as telas
Tintas, diluentes, coisas antigas que possas trazer.
Sabes,
Em boa verdade, a casa não me pertence.
É um espaço sem memória.
As paredes são somente paredes,
O jardim não é olhado nem regado
E as camas não amam corpos que se derretem no calor
Procurando paz e talvez desassossego.
Eu sei que a casa não é tua
Mas não consigo ter um quarto só para mim.
É estranho este sentimento
De ter uma casa e, ao mesmo tempo, não ter.
P.S. – peço-te que me emprestes 500 € para a próxima prestação.
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