As avenidas estão cheias de silêncio.
Os automóveis – objectos de outrora – deslizaram por entre carris
E reconstituem objectos macios, que levamos à boca de sede.
Encontrei o homem do trompete, quando passava junto ao rio.
Tocava
Para ninguém
Os restos de uma melodia quase esquecida.
O único habitante da cidade sombria era o homem do trompete - pensei.
Vi-o pela primeira vez em Cabo Ruivo.
Estava sentado num contentor. Tinha atrás de si
Uma cidade imensa, vazia de espelhos. À sua frente, longas vertigens de uma Tempestade que desaparecera por entre a fuligem
E que inventara novas formas corrosivas.
O homem tocava, de facto. E a música ressoava alto por toda a cidade
Expandida nos metais,
Nos tubos contorcidos de uma antiga fábrica de brinquedos.
Perguntei por ele, mais tarde. Perguntei por mim, isto é
Tentei saber o que ficara dos dias.
Tentei perguntar.
Sim,
Tentei.
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