desta noite que agora cai limpando os teus olhos,
mentes e dispões-te a expressar com palavras
aquilo que não encontra forma e escapa ao pensamento:
esta emoção que brota dentro de ti e consome
toda a tua vida, pura como um papel que arde.
E ainda que não ignores ser um trabalho inútil
deixar aqui rendida uma recordação desta noite,
que tudo isto, que agora parece eterno, acaba
sem que um poema, um gesto, o condene ou salve,
continuas igual, não mudas: sem vaidade, com medo,
vais selando a sua morte, até que chegue a alba.
- José Mateos
in Días en claro, Pre-textos
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