sábado, março 20, 2010

21

repito a inexorável argúcia dos salmos
e amo os portais abertos diante da força da água

tento compreender o meu tempo
e o imponderável intuito do poema

não tenho outros olhos nem outras mãos
já não me mostras imagens
mas eu vejo as heras fazendo lábios
sombrios por interjeição e bafo

sou só boca fremente
e a terra aflita dos vulcões

água rosto incessante
diante das portas repito

os tropos a sonora legibilidade do lugar

sei que alguém espera sempre
o fruto maturado
a véspera da mão a água turva

sei que alguém espera sempre
como se esperasse
de gládio em punho
o florescimento das janelas


sei que alguém espera sempre um poema

Sem comentários: