sábado, fevereiro 27, 2010

Sobre a Verdade de Bernini




Sobre o gelo estava a Verdade de Bernini – O sonho não era novo, era vivo, como que soprado de um corno que percorresse toda a América Central. A estátua “A Verdade” um anjo em êxtase, uma figura feminina tombada para trás com os olhos revirados, como de um prazer extremo – E depois a pergunta – Porquê a Verdade ser uma mulher possuída de um prazer extremo. Porquê a Verdade ter os olhos revirados e os dedos das mãos unidos por um pequeno fio de cobre –
No sonho transformava-se em homem e possuía a Verdade … Como se fossem um corpo só, um só novelo de calor. Nunca chegavam ao orgasmo, nem ele nem a Verdade. O novelo era repetido na noite seguinte, no ringue de gelo, ele e a verdade. Pela manhã quando acordava sentia a falta do sexo viril e do calor dos braços dela. O abraço percorria toda a América Central, acordava os Atlantas e todas as estátuas, Acendia os faróis e adormecia os faróis.

Pela manhã imaginava a Verdade a nevar pelos olhos, sobre todos as patinadoras de Viena. Em cada ringue, pelas seis da manhã, a neve a cair, a encher também a Austrália de um manto branco. Porquê uma mulher? Quando acordou era verdade.



Nuno Brito

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