sábado, fevereiro 27, 2010

Sismo-gravura

Um rapaz foi a uma biblioteca em procura de uma biografia de Proust, e caíu a biblioteca e caíu o seu país que era uma ilha. Proust fica por ler. A terra tem razão, s seus desenhos são perfeitos e com o tempo adequam-se às mãos humanas. Há três exemplares de Proust na Biblioteca Nacional do Haiti, agora os que estão em estado razoável (sem faíscas dentro) são vendidos no mercado negro, as capas duras dos livros são usadas para cobrir um bocado de um tecto, para que a chuva não entre tanto. Mas o discurso meta-literário deve acabar por aqui. Porque ela não tem culpa (apesar de ser o próprio diabo e o paraíso) não tem, Não TEM culpa de tudo. Ao meu lado pedem um copo de água – Tadinho – Mal ele adivinha que está no inferno. Vai para Aveiro diz-me – Notando que eu estou bêbado e sou receptor passivo – Vou para a Aveiro. Se o Rober estivesse aqui ao meu lado espremia-o como um limão. E depois o limão ia para Aveiro e tinha um ataque cardíaco em Aveiro.
O mar entra no café del greco várias vezes, e traz a esperança e leva a esperança. Mantém o meu registo fútil, o meu e do Rober. Conheci verdadeiros Anjos. Apetecia-me agora mesmo cortar a cara, com uma faca perfeita, e depois sem cara entrar num café de espelhos e ser o espelho sem cara, mas isto diz Artur Thompson que sou eu e ferve – Quem está a trabalhar sou eu e não tu – Artur – Numa novela fragmentada, numa peça de teatro, numa vida paralela, numa auto-estrada, não sei, num caminho com pouca angústia ou seja pouco apertado, por onde escorra bem o vinho, de norte para sul e depois de sul para norte, se o vinho quiser que vá para oeste e se quiser que vá para inferno, ou sirva só de caminho estreito de ovelhas e recanto de quem o protege. Ligo o facebook e tenho uma mensagem de ânimo vinda do México e percebo, tenho muitos amigos. Acabei de ser internado, saí do internamento há um dia, e a hipótese que se põe é que seja internado novamente e sinceramente apetece-me cortar a cara. A mensagem mexicana diz – Escreve para te afastares do diabo. Tenho a cabeça tripartida mesmo assim ponho um bocado de Gel, ainda há gel e frio e vontade de qualquer coisa, luvas negras, blusão de cabedal, conheci verdadeiros anjos, em clínicas, em cafés em continentes quentes, em continentes frios. Não cortei a cara porque ela é o espelho da alma. Rezei à nossa senhora da vergonha que me trouxesse um gin – Olho-te nos olhos, só coisa que derrete e pinga sobre o pólo norte em forma de estrela líquida, só quente na queda, queima a boca / Pele Quê?

Quê? Ilumina e sustenta a alma fodasse. Pinga dentro dela, pede um café – Amo tudo quanto fluí…. Quê? Perguntei a um sábio com o cabelo empapado em gel, para que é que servia a mete-literatura e ele disse-me que servia como anzol fino, para apanhar desprevenidos os cavalos marinhos durante a amamentação, o mesmo fim, associou à critica literária e depois o sábio criou um blogue de crítica literária e deixou que o diabo lhe entrasse no corpo, e com os seus tentáculos, porque afinal era um polvo e não um velho sábio criticou todos as novelas do país. Depois sentiu o país a tremer e criticou o país a tremer, depois uma viga de sua casa caiu por cima dele e ele criticou a sua própria morte. Uma meta-morte que foi ao Mini Preço de Jerusalém comprar uma mortalha e um caixão de marca branca.



Artur Thompson

Nuno Brito

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