quarta-feira, janeiro 06, 2010

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Da paixão cansei-me (pode acolher tanta morte um corpo, esse mesmo que brilha à luz do desejo, esse mesmo que guarda a promessa da alegria). A verdade gastou-se (isto é o mais fácil de compreender: a verdade gasta-se, quando chegamos ao lugar de a encontrar, sabemos por fim que não existe). Sobrou o que sou e o que não sou também, pelo meio a linha de uma estreita solidão, e é isto que te dou (isto o que te posso dar). Só aqui, só agora, este sorriso de estar vivo, e por vezes o cansaço, tantas vezes o cansaço (que embora não pareça, faz parte do sorriso). E agora já me entendes? E agora ainda me queres?

- Jorge Roque
in Telhados de Vidro nº13, Averno

1 comentário:

Luiza Maciel Nogueira disse...

eu diria SIMMMMMMM! :), se fosse pra mim. E acho que com essas palavra lindas poucos diriam nao ao Jorge Roque!
queria pedir mais desse autor (se puder). 'e que no Brasil tal literatura nao existe ;(.