absorver
a terra
com os poros
da alma.
Saborear
o chão
e mastigar
de leve
como se fosse
açúcar.
Ouvir
os engenheiros
urinar do alto
dizendo sons obscenos
e fazendo contas.
E ver
e ver depois
o sol dos piqueniques.
A arte
delicada
de chupar os ossos.
A sede
de lamber nos
dedos a gordura.
O espanto
do trinchar
o peito das galinhas.
E afastar
as álgidas fibras
da memória.
E contornar
delicada-
mente
a infância.
E cheiras
os lugares
macios.
E pegar nos seixos
que a solidão
cristalizou.
E apalpar
as carnes
carcomidas do tempo.
- Armando Silva Carvalho
in O que foi passado a limpo, Assírio & Alvim
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